quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A minha sina























PATRÍCIA LEPKOSKI

A minha sina


A saudade sempre me acompanhou, mas desde cedo eu sabia que ela era o resultado de momentos maravilhosos. Ela surgia com o novo, com a mudança, ou simplesmente na volta para a rotina, não importava o motivo, hora ou outra ela estaria ali. Mas, essa sensação doída que ela proporcionava não era o suficiente para me fazer desistir das mudanças e das novas experiências.

Eu realmente não me importava, não achava ruim ter sempre uma mala pronta nos pés da minha cama. Nem ficava triste porque minhas raízes não eram fixas, ao contrário disso, fazia de tudo para não ter uma rotina, fazia planos e sempre buscava caminhos diferentes. Estabelecia objetivos e me dava prazos para alcançá-los.

Mas, não podia evitar aqueles dias difíceis que vinham com toda a intensidade, intensidade que me era tão característica. Eu deixava as lágrimas rolarem, e sentia profundamente a falta de tudo e de todos. A minha mala era sempre solitária, era o meu jeito egoísta e fraco de conseguir carregar só a mim mesma.

Então em um dia desses, sentei na cama, peguei aquele caderno que estava sempre a postos e uma caneta qualquer, sequei a lágrima ligeira que caiu borrando algumas linhas e escrevi: “Saudade é uma coisa que não se explica, um vazio que aperta a alma. Uma dor intensa que aparece de repente, uma tortura emocional que a vida nos impõe. Ela tinha sonhos que só em liberdade poderia realizar. Então partiu, mais uma vez, com o coração faltando alguns pedaços."

Aquela era eu na minha forma mais autêntica, meu auto-retrato descrito, meu dilema em forma literária. Cada um carrega o peso que lhe é cabível e esse era o meu. A minha sina, era a distância e o meu presente eram as fantásticas experiências que a novidade sempre me proporcionava.

Depois de alguns dias, peguei o caderno, li aquele trecho e disse: Deus me livre da rotina! Os anjos disseram amém e eu fui desfazer a minha mala.







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