segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mais um dia daqueles






















PATRÍCIA LEPKOSKI

Mais um dia daqueles


Era um dia daqueles que a gente tem umas duas vezes por mês, não era TPM nem nada do tipo, as coisas iam bem e eu sorria como sempre. Mas de repente, batia aquele vazio, uma espécie de insegurança, era o meu lado dependente que dia ou outro vinha me visitar em alguma época do mês.

Era uma tristeza, um aperto daqueles que te sufoca, tira o ar e parece que nada pode solucionar. Não tem jeito, é a hora de sentir, sentir até o último fim e deixar passar. Jogar água e lavar o joelho ralado em um banho longo e demorado daqueles de esquecer da vida e sair do banheiro imersa em uma nuvem de vapor.

Eu já tinha desistido algumas vezes, mas tinha uma teimosia burra que sempre me fazia voltar atrás, eu sabia que uma hora ou outra acabaria cansando, mas até chegar lá, ainda tentaria inutilmente algumas vezes. É que tenho uma grande virtude que às vezes é um péssimo defeito, sou persistente.

Outro dia eu conversava com uma mulher que admiro e que é dona de uma enorme sabedoria, sobre essa história de passar por todas as situações bem. Acontece que isso não existe, ou você sente na hora ou você sente depois, ou você passa um curto período no fundo do posso ou vai afundando na areia movediça com um aperto no coração e um sorriso disfarçado.

Não é uma escolha que faço, a vida não me dá essa opção, mas inevitavelmente, eu sinto. Eu me acabo por algumas horas, talvez um dia ou dois. Eu não presto pra nada e quase não sorrio, mas me respeito, é o eu momento, digo pra mim mesma, não força a felicidade, deixa a tristeza passar.

Aí me permito ser fraca, dependente e às vezes até, anti-social, ninguém pode viver isso por mim e não são dias em que eu quero falar, são dias que eu quero apenas sentir. Deixo a vida me mostrar que eu posso aprender com meus erros, embora não me arrependa por ter tentado, brigo também um pouco com a vida, por não me trazer as oportunidades certas, por essas pegadinhas tão bem disfarçadas.

Na verdade, a gente sofre sabendo que nunca é o fim e que logo ali a gente vai achar graça, achar sentido, achar um novo sentido, uma nova oportunidade e até um novo amor. É aí que a gente supera e se supera independente do que passou, amanhã o dia vai nascer de novo e eu não costumo perder a hora. 


Para entrar em contato com a Redatora Patrícia Lepkoski  
encaminhe um e-mail para: golarosa.blog@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário